Waste a Second

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E o leite mau na cara dos caretas!

A menina linda, acaba de ser exposta com sorriso e cabeça aberta.
O carro aqui ao lado, acaba de bater, pexada da boa, da forte.
Depois o grito, não vi se era pneu ou goela de moça.
Se for goela de moça, melhor, quanto mais humano, melhor.
Cu, buceta, vagina, pentelho, merda, porra, Bento XVI e Missa do Galo, do Cagaleo.
Me deixa falar, falo porque quero, porque merecem, porque são todos uns bostas,
Uns mão na roda, uns engrenagens, besuntados em coisa nenhuma.
Precisamos sim de vocês, ó grandes.
Mas quando quiserem emitir alguma impressão, por favor, faça-a em duas vias e deixe a segunda na minha mesa.
Assim que puder atearei fogo nela.
Ave Gal, ave Gal.
Misse Gal, misse Gal.

Graccho, Juliano

Juliano Graccho, Graccho por parte de vô e Juliano por parte de outros. Cheguei em 1988, gosto dos meus números de nascimento, me causam algum estranho orgulho, são um pouco sorteados, cheios de ímpares. Sou de touro com cabeça de gêmeos, não acredito muito em signos, logo isso não importa muito. Meus ídolos atuais são Vincent, Björk, Márcia, Renato, Dzis e mais aqueles ali. Esta lista tem certa rotatividade. Sou gay, seja lá o que isso quer dizer ou limitar, mas nas quintas gosto de mulheres, travestis e afins. No pouco de espiritualidade que me resta sou budista, com tecos esquizo-paranóides  de cristianismo, mas sou um aspirante a ateu até que bem esforçado. Sou equizo-paranóide e os médicos tem tentado me chamar de bipolar. Gosto, de, usar, vírgulas, e gosto de repetir e repetir palavras. Também inventar palabras inassilábidilimissíveis. E com os passares dos tempos passei a tomar gosto por erros gramaticaes no proposital. Sou um antropófago assumido e assíduo, preciso me alimentar de gente (e arte) o tempo todo, seja ao vivo ou no virtual, seja em sexo ou em conversa. Falo de arte, de morte, de impulso, de pornografias e da vida dos outros. Se existir reencarnação, na outra vida quero ser homem hétero ou travesti, o primeiro pela facilidade e o segundo pela coragem. Não gosto de mentir. Minto muito pouco. Não sei mentir quando a ação é de arte, aprendi isso com tio Grotowsky, considero uma afronta mentir em um ato expressivo. Aqui minto um pouco, meu nome, mas mudando algumas ordens e letras posso ser tomado como honesto novamente. Acho que isto basta como uma apresentação.

Expor não, abrir. Estou abrindo, mostrar o que se passa aqui (chega a ser hilário chamar de aqui um lugar que geograficamente não existe). E o que tem aqui é o que tenho para abrir, sou mais sensível que inteligente, mais observador que leitor. Ler tem sido um suplício. Me acomodo quando penso que na verdade sou uma das vítimas da minha geração. Gentis seres bombardeados por imagens e velocidades que acabaram com a vontade de leitura. E me preocupo quando percebo que mesmo percebendo isso, permaneço no mesmo lugar.

Aqui me despeço. Nu, que é como acho que deveríamos conviver. Sem vergonhas de nossas pancinhas e pelos na bunda.
Se houver uma próxima, até a próxima.

Grato, Juliano.

Coluna para a terceira edição da Revista Alt

Juliâno, ou o Otimismo

As coisas os processos os padrões as ambições, tudo está tão absolutamente de ponta cabeça, de ponta bunda porque a cabeça não existe nesses sentidos. Não há sentido. É tão virado que é difícil de perceber, tão difícil que é difícil fazer algo a favor. A favor? Vamos todos morrer em questão de setenta oitenta anos e ninguém se da conta. Sinta com toda sua energia a realidade no fato de que de fato você vai morrer, deixar de existir, que no último dia da tua vida a sensação vai ser aquela de acordar de um grande porre, que tudo passou tão rápido e você lembra tão pouco que outra festa como aquela nem seria válida. Aí você morre, e todos choram, todos riem e logo depois morrem também, até o momento que ninguém mais vivo lembre de você. E aí da para perceber o ínfimo espaço de nada que somos. Vamos dormir cedo, acordar cedo, trabalhar bonito e ganhar dinheiro pra balada – coisa linda. Sinto que na verdade sou otimista, ao meu modo, mas otimista.

A importância do movimento LGBT (sobre a criação do Plural Coletivo LGBT PF)

Dias atrás ouvi de um tio: “Era muito melhor quando eles (gays) ficavam quietos na deles, não sei o que querem querendo aparecer agora”.

Este aparecer é muito mais importante do que alguns pensam. Realmente, é muito mais confortável quando um grupo que você não aprova fica escondido, não alterando ou “prejudicando” a rotina dos ditos “normais”. É preciso mostrar para esses tais que normais somos todos, humanos somos todos e todos merecem respeito de igual para igual.

Um movimento coloca força e forma numa situação dessas, demonstra seriedade e interesse de modificar este tipo de padrão que habita a maioria da cabeça das pessoas. A questão é que não temos como modificar bruscamente e por completo a cabeça de todos, anular anos e anos de crenças e modelos que foram engolidos e digeridos por toda uma vida. Equidade e “paz mundial” infelizmente não existem; o conflito está sempre presente no que se refere ao humano – seja nas relações interpessoais, ou mesmo na relação de alguém consigo próprio.

Com um grupo, torna-se possível encontrar espaços para que essas modificações aconteçam e reforcem a seriedade do significado deste “aparecer”.

Outro ponto é como podemos ajudar e o que isso significa, quem de fato no meio GLBT precisa de ajuda. Existem aqueles que vivem de bem com sua homossexualidade e não estão preocupados com movimentos GLBT, PLs e tudo mais. Mas existem aqueles que apanham, que são expulsos de casa, agredidos verbalmente, que optam por se prostituir por não ter outro caminho e tudo mais. O Movimento pode nos auxiliar a encontrar estes focos e deixar mais claro como devemos agir de forma mais prática e não apenas ficar na “briga pela briga”.

Fico realmente feliz com a criação deste Movimento, é válido que as pessoas “de fora” percebam que não estamos aqui de brincadeira e que não somos obrigados a aceitar situações de violência e desrespeito com a desculpa de que isto se trata de liberdade de expressão.

Link para Facebook Plural Coletivo LGBT PF

Grandes farsas afetivas

Acho que o mais dolorido na verdade de aceitar que você de fato não é pessoa da minha vida, talvez seja o medo de aceitar que essa pessoa de fato não existe, que não existe outra possibilidade se não contar com meus próprios pés, braços e costelas quando precisar de qualquer amparo ou saciedade.

Eu me confundo tentando acreditar que estamos prestes a nos curar, mas não há cura, não somos e pronto, não vamos e pronto.

Sozinho na verdade não dói, não da medo, não é nem ruim. O problema é a idéia de que junto é bom, que aquece, constrói, troca. E isso é na verdade tudo uma grande mentira. Ao menos para pessoas como nós, grandes farsas afetivas.

Must be beautiful

Então ele se atraem, se subtraem, se decompoem, dividem-se, multiplicam-se e se opoem. Eles tem essa necessidade de não ser um só. Se tem este vício desde de que se nasce. O grito aquele dado primeiro, não é nenhum sinal de vida, mas sim de desespero – me coloque devolta, me de a mão. Insistimos na continuidade. Na companhia, nos cabelos, pernas, costelas, mãos, ombros e dedos.

 

– hoje eu passei o dia todo pensando em você

– eu tambem, tinha horas que eu pensei que não conseguiria mais respirar

– mas ontem também, eu nem dormi

– eu dormi mas acordei em panico

– é?

– sonhei que voce havia me abraçado.

– acordei chorando.

– eu também.

– eu estava pensando…

– mas com calma.

– quem sabe podiamos voltar a nos ver…

– mas com calma.

– nos tocar as mãos, dar abraços, dormir juntos…

– mas com calma.

– concordo

– eu também

Texto da esquete que deu origem a performance Dois Corpos Em Um Quadro Em Queda Livre

Vinte e três anos, uma faculdade e meia, três empregos, 75kg e 2 sex-tapes vazadas na internet.

Selfretratoemcanetãoeguache.

 

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