Graccho, Juliano

por juliansd

Juliano Graccho, Graccho por parte de vô e Juliano por parte de outros. Cheguei em 1988, gosto dos meus números de nascimento, me causam algum estranho orgulho, são um pouco sorteados, cheios de ímpares. Sou de touro com cabeça de gêmeos, não acredito muito em signos, logo isso não importa muito. Meus ídolos atuais são Vincent, Björk, Márcia, Renato, Dzis e mais aqueles ali. Esta lista tem certa rotatividade. Sou gay, seja lá o que isso quer dizer ou limitar, mas nas quintas gosto de mulheres, travestis e afins. No pouco de espiritualidade que me resta sou budista, com tecos esquizo-paranóides  de cristianismo, mas sou um aspirante a ateu até que bem esforçado. Sou equizo-paranóide e os médicos tem tentado me chamar de bipolar. Gosto, de, usar, vírgulas, e gosto de repetir e repetir palavras. Também inventar palabras inassilábidilimissíveis. E com os passares dos tempos passei a tomar gosto por erros gramaticaes no proposital. Sou um antropófago assumido e assíduo, preciso me alimentar de gente (e arte) o tempo todo, seja ao vivo ou no virtual, seja em sexo ou em conversa. Falo de arte, de morte, de impulso, de pornografias e da vida dos outros. Se existir reencarnação, na outra vida quero ser homem hétero ou travesti, o primeiro pela facilidade e o segundo pela coragem. Não gosto de mentir. Minto muito pouco. Não sei mentir quando a ação é de arte, aprendi isso com tio Grotowsky, considero uma afronta mentir em um ato expressivo. Aqui minto um pouco, meu nome, mas mudando algumas ordens e letras posso ser tomado como honesto novamente. Acho que isto basta como uma apresentação.

Expor não, abrir. Estou abrindo, mostrar o que se passa aqui (chega a ser hilário chamar de aqui um lugar que geograficamente não existe). E o que tem aqui é o que tenho para abrir, sou mais sensível que inteligente, mais observador que leitor. Ler tem sido um suplício. Me acomodo quando penso que na verdade sou uma das vítimas da minha geração. Gentis seres bombardeados por imagens e velocidades que acabaram com a vontade de leitura. E me preocupo quando percebo que mesmo percebendo isso, permaneço no mesmo lugar.

Aqui me despeço. Nu, que é como acho que deveríamos conviver. Sem vergonhas de nossas pancinhas e pelos na bunda.
Se houver uma próxima, até a próxima.

Grato, Juliano.

Coluna para a terceira edição da Revista Alt